top of page

V Jornada Psicodinâmica: Arte e Subjetivação - 29/09/2018

Na I Jornada Psicodinâmica (2014), uma criação de Salvador Dalí foi escolhida para representar a tríade entre a arte, a psicologia e a análise clínica. O trabalho em questão, faz parte de uma série de pinturas em aquarela da obra “A Divina Comédia”, que o pintor espanhol fez a pedido do governo italiano para comemorar os 700 anos do nascimento do poeta renascentista Dante Alighieri, autor da obra citada. O anjo caído olha para as gavetas que se abrem em seu corpo. A ilustração representa o purgatório descrito por Dante e procura retratar exatamente o anjo entrando em contato com o seu interior, suas questões e angustias, e a busca por compreendê-las para chegar ao paraíso.

Imagem: Salvador Dalí, Fundación Gala

Salvador Dalí / AUTVIS - Brasil, 2017.

Em 2018, em sua quinta edição, chegou o momento de termos a arte como o tema principal da Jornada Psicodinâmica e relacioná-la aos processos de subjetivação do indivíduo.

A arte por si só já desperta os mais diversos aspectos subjetivos no ser humano. Para uns o grafite é uma expressão artista, para outros não passa de vandalismo. Para alguns a polêmica performance de Wagner Schwartz no MAM (2017), inspirada na obra “Bichos” de Lygia Clark, foi vista como um ato de “pedofilia”, “erotização infantil” e “crime”. Há quem diga que o museu deveria olhar com mais cuidado e restrição a esse tipo de performance, e julgou toda repercussão como sendo uma “histeria coletiva”. E não por menos, há quem tenha visto Schwartz praticando aquilo que é chamado de liberdade artística e de expressão. Percebe-se que cada um, como em boa parte dos aspectos da vida, têm a sua própria visão e elaboração a respeito de um mesmo conteúdo.

A arte para Vigotski, não somente tem a capacidade de alterar o humor dos indivíduos, bem como despertar sentimentos, emoções e potenciais desconhecidos até então. Segundo o autor, a arte pode provocar mudanças e reorganizações no psiquismo, o que leva cada ser humano a uma condição elevada de particularidade.

Ao observar uma obra, sempre estamos entrando em contato com os conteúdos internos do artista, mas devido a sua subjetividade, cada um perceberá o estilo artístico de uma forma. Por exemplo, o sentimento de sofrimento que emanou no autor ao conceber sua obra, pode não ser o mesmo que suscitou no espectador.

Já a subjetivação trata-se do processo de tornar-se sujeito, produzir subjetividades. De acordo com Verzoni e Lisboa (2015), os processos de subjetivação corroboram para que o indivíduo consiga integrar-se diante da cultura em que vive, existir e tornar-se presente sem ter de anular a sua singularidade.

Toda arte possui sua carga de conteúdos subjetivos, principalmente provindos de aspectos psicológicos. Na V Jornada Psicodinâmica, por meio de palestras, minicursos e discussões com profissionais atuantes nos âmbitos da psicologia, psicanálise e arte, teremos a oportunidade de observar, aprender e reaprender a função da arte, que mesmo quando não intencional, continua sendo um veículo subjetivo capaz de atender nossas necessidades abstrativas e completar o ser humano de forma tão particular.

bottom of page